Um pouco da minha história com As Crônicas de Nárnia

Eu sempre fui fã da série As Crônicas de Nárnia e a minha história com essa saga pode ser parecida e igual com a de muita gente. E tudo isso começa com...

O cristianismo

É bem verdade que a igreja evangélica odeia a Disney e acusa a empresa a ser do demônio desde que eu me entendo por gente. E, por incrível que pareça, a Disney também sabia disso. No meio disso tudo, estava uma criança que ia na igreja evangélica todos os dias, queria ser pastor (mas por quê? será que eu sempre quis me destacar na vida?) e que era vidrada na dona do Mickey. 
Eu sabia a ordem dos filmes da Disney, sabia de Enrolados desde quando o filme ainda se chamava Rapunzel e estava em produção e vivia 24/7 entrando e decorando tudo que existia no site Planeta Disney. No meio disso tudo, em 2003, se eu não me engano, a Disney anunciou que iria fazer a adaptação dos livros de C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, com seu lançamento programado para o Natal de 2005. Ia ser a primeira obra da Disney voltada ao público cristão.

E a primeira que eu podia panfletar publicamente.

Quem me conhece sabe que tudo o que eu não posso fazer ou acaba virando uma obsessão ou acaba virando uma obsessão.

Imagina só eu falando de Nárnia 24 horas por dia, 7 dias por semana?


Eu encontrei pessoas que eram iguais a mim

Na época, eu fui para o único lugar que eu sei que iriam me acolher como igual: uma comunidade do Orkut. Eu juro pra você, eu ficava sempre naquela comunidade e foi ali que eu conheci pessoas que estão na minha vida até hoje. Tá bom, só uma (oi, Marcelo!). O resto eu sigo no Twitter e no Instagram e a gente nunca mais se falou. Mas nessa bolha narniana, eu encontrei pessoas que também estavam dispostas a ficarem falando da série o tempo todo. Eu fui moderadore de comunidade, tive fan-site, conta no Twitter, briguei com meio mundo, fui à pré-estreia do filme A Viagem do Peregrino da Alvorada, postei o primeiro trailer de Príncipe Caspian no mundo no YouTube, tive legenda de fã minha indo parar em DVD pirata e comprei milhares de versões do livro (minha coleção tem versões em inglês e espanhol também).
Não só isso, eu ainda tenho a primeira edição da autobiografia de Lewis, Surpreendido pela Alegria.

Eu me assumi na internet usando a foto da Lúcia saindo do guarda-roupa do desenho animado baseado no livro


É só isso mesmo.

Faculdade

Eu virei professore por causa de C. S. Lewis. Gosto de falar da poesia de ter uma tia minha falando pra mim quando eu era criança que eu deveria cursar letras pois isso

  1. de fato aconteceu;
  2. é mais bonito para os livros de histórias no futuro.

Mas aqui a gente pode falar a verdadeira história, né? Então, eu sempre quis escrever. Escrevia histórias a todo momento, estava sempre lendo e sempre escrevendo histórias. Algumas delas foram originais e outras eram cópias de algumas histórias de fantasia do momento (eu me recuso a falar o nome da história aqui mas se vocês pegarem a timeline, vão saber qual é). E quando eu encontrei C. S. Lewis, que escrevia ficção e ainda era cristão (lembrem do meu background!!!!!) eu acabei me encontrando. Por causa dele, eu conheci Philip Pullman (que acabou moldando mais minha literatura do que o próprio Lewis, já que eu só tomei coragem de finalizar um livro depois de A Borboleta Tatuada) (o livro é o Do Outro Lado da Linha, se você quiser ler).

Mas Lewis (e Pullman e Tolkien) eram professores. E, ué, eu precisava ser também pra conseguir uma carreira legal na literatura. Então eu fiz tudo certinho.
Mas no fim das contas, não precisa. 
Talvez eu tenha desistido dessa ideia. Mas não sei também.

O anúncio da HarperCollins

A Editora HarperCollins, a casa que publica C. S. Lewis na Inglaterra, fez o anúncio de que ia lançar a série de Nárnia no Brasil este ano. A publicação vai marcar a segunda vez que a série é publicada no Brasil pela ordem de publicação original (sendo a primeira pela Edições de Ouro, o primeiro lançamento da série no Brasil) e a primeira vez que não teremos uma tradução do  Paulo Mendes Campos em um dos livros (todos foram traduzidos pelo Paulo, exceto A Última Batalha, que foi por Silêda Steuernagel, que também revisou a tradução original na segunda publicação do livro pela ABU Edições). Eu confesso que fiquei com muito medo da tradução ir para as mãos de uma pessoa aqui, pois o texto dela em português é muito rebuscado e acaba tirando toda a simplicidade da história. Mas confesso que fiquei com mais medo ainda pela tradução ser do mesmo responsável de O Senhor dos Anéis pela HarperCollins. Apesar da tradução da história de Tolkien pela WMF Martins Fontes ser bem difícil de acompanhar, as das Crônicas de Nárnia foi feita por um grande escritor brasileiro que, assim como Lewis, usou crianças de verdade como teste para o nosso texto. Ou seja...

De qualquer forma, isso me empolga. A ideia de Nárnia, pra mim, sempre foi reconfortante, talvez até muito mais do que um castelo de uma escola de magia. Poder escapar para outra realidade e viver altas aventuras... Quem não quer?

Em janeiro de 2023, eu vou iniciar uma nova coleção de Nárnia. Pretendo reler os livros com a nova tradução de mente aberta como recebendo um velho amigo. O Sr. Castor, o Sr. Tumnuns e Aslan. Mesmo com toda a minha cabeça hoje sendo completamente diferente, eu ainda quero voltar a ser criança.

E, como Lewis disse, um dia eu estaria com mais idade o bastante para ler contos de fadas de novo. Eu nunca parei de ler contos de fadas mas, talvez, eu consiga voltar à Nárnia.

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